Inspirado no livro “Os Anormais” de Michel Foucault, com VINDE A MIM, queremos trazer para perto os “anormais”, aquelas pessoas que não estão enquadradas na noção de “normal” culturalmente aceita.
Ao contrário de “P’s”, peça em que acompanhávamos a figura de uma pessoa (P), com VINDE A MIM levaremos à cena várias personagens, histórias e fragmentos de vivências que tem, em comum, o fato de acontecerem à margem da sociedade.
As instituições (escola, judiciário, psiquiatria, igreja) buscam a padronização e se esforçam para calar ou adequar as vozes dissidentes. Nós queremos ouvir estas vozes, o que elas têm a nos dizer, e porque essas vozes tanto assustam as instituições vigentes. A luta entre o poder disciplinar e a resistência das pessoas ditas “anormais” gera farto material para o espetáculo.
Com VINDE A MIM (título irônico, visto que a religião institucionalizada é um dos mecanismos de tentativa de uniformizar a vida), procuraremos dar voz à anormalidade, às diferenças.
Ao invés de uma estrutura dramatúrgica calcada na história das personagens com seus começos, meios e fins, VINDE A MIM flertará com o caos, com o caos das pequenas histórias que são caladas, com caos das vidas e dos sonhos que são deixados de lado e que incomodam a sociedade “sã” e organizada.
Ao invés do superego freudiano, VINDE A MIM abraçará o id. Ao invés das correntes e das camisas de força, VINDE A MIM deixará que os corpos gritem e que as vozes dancem.
Ao invés de definições prévias, VINDE A MIM transitará por drama, comédia e música e assim, louca, mostrará a sua cara, não uma cara indefinida como se pode imaginar, mas uma cara livre porque assim, livre, se permite ser.
Ao invés de Vade Retro dito historicamente ao caos e à loucura, nós dizemos VINDE A MIM, Vinde a nós.
FICHA TÉCNICA:
– Direção: Lourival Andrade
– Texto: Gregory Haertel
– Elenco: Alexandre Muniz, Monica Belotto, Maria Alice e Morgana Oliveira
– Criação das paisagens sonoras e músico: Emanuel Bonequeiro
– Trilha Sonora: Aglailson França
– Cenário e cenotécnica: Custódio Jacinto
– Figurino: Monica Belotto
– Visagismo (maquiagem e cabelo): Valdênia Lima
– Concepção e execução de iluminação: Capitão Jack
– Designer Gráfica: Morgana Oliveira