A ação começou a ser planejada em 2019 como projeto de Extensão na UFRN em parceria com a Associação Cultural Trapiá. Observando a importância do cordel na região do Seridó e os estudos locais, percebeu-se que este gênero literário brasileiro não chegava aos alunos de escolas da região. Neste sentido, criou-se uma aula-espetáculo com a história do cordel, declamações e música. Também o folheto CORDEL NO SERIDÓ foi distribuído gratuitamente. No final de 2019 a Associação assumiu totalmente a ação e pretendia ampliar sua abrangência para escolas do Seridó. Com a pandemia estas ações foram suspensas e as reuniões passaram a ser virtuais para planejamento. Para além da aula-espetáculo, uma nova ação de caráter multiplicador, que poderia se tornar permanente, seria uma oficina para alunos e professores aprenderem a escrita do cordel, multiplicarem este aprendizado na escola e ainda produzirem conteúdos com temáticas estudadas nas escolas. O desejo seria reproduzir estes cordéis e fazer com que todas as escolas recebessem exemplares de todos os que foram produzidos, democratizando o conhecimento, mas também disponibilizar todos no site da Associação.
O projeto já foi realizado em escolas do Seridó Potiguar com ampla aceitação dos discentes e docentes que assistiram as apresentações, sendo elas: Escola Estadual Antônio de Azevedo (Jardim do Seridó/RN), Escola Estadual João de Alencar (Ipueira/RN), Escola Estadual Antonio Batista (Jucurutu)/RN), Escola Estadual Jesuíno Azevedo (São José do Seridó/RN) e Escola Estadual Manoel Correia (Ouro Branco/RN). Em todas estas escolas os alunos e professores receberam gratuitamente o cordel “Cordel no Seridó” de Djalma Mota que foi patrocinado pela UFRN/PROEX.
Com a volta das aulas presenciais em 2022, pretendemos buscar patrocínio para levar o projeto com suas atividades (aula-espetáculo, oficina de cordel, publicação dos cordéis produzidos de forma física e disponibilizados no site da Associação, distribuição dos cordéis produzidos nas oficinas para todas as escolas envolvidas no projeto) para as 32 escolas estaduais de ensino fundamental II e Médio, da região do Seridó, que são coordenadas pela 10ª DIREC (Diretoria Regional de Educação e Cultura) em Caicó, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, São Fernando, São João do Sabugi, Serra Negra do Norte, Timbaúba dos Batistas, São José do Seridó, Jucurutu e Ouro Branco.
FICHA TÉCNICA:
– Direção e dramaturgia: Lourival Andrade
– Elenco: Alexandre Muniz, Emanuel Bonequeiro e Monica Belotto
– Músico, cantor e compositor: Caru Fernandes
– Cenário, cenotécnico e adereços: Custódio Jacinto
– Figurino: Monica Belotto
– Autor do folheto O CORDEL NO SERIDÓ: Djalma Mota
– Capa do cordel: Custódio Jacinto
– Pesquisa: Lourival Andrade, Trapiá Cia Teatral, bolsistas da Cordelteca da UFRN, cordelistas de Caicó
– Professor da oficina de cordel: Djalma Mota
– Produção: Trapiá Cia Teatral/Associação Cultural Trapiá
O CORDEL NO SERIDÓ
(Djalma Mota)
Uma arte original
Histórias fantasiosas
Em formato especial
A narração de magias
Do real ao irreal
Uma herança cultural
De vasta propagação
Manifestando os costumes
Desse resistente chão
O CORDEL NO SERIDÓ
Tem vultosa atuação
É fonte de informação
Processo de letramento
Com expressão popular
Espalha o conhecimento
Exerce o forte papel
No campo do ensinamento
Deu-se aqui o surgimento
Pelos ‘velhos folheteiros’
Destemidos ambulantes
Genuínos mensageiros
Bradando nas feiras livres
Com os seus contos faceiros
Os poetas violeiros
Cantadores repentistas
Igualmente são destaques
Como bons propagandistas
Exaltando as histórias
Dos antigos romancistas
Muitos nobres cordelistas
Nos seus versos de bravuras
Faziam do Seridó
Os palcos das aventuras
Narrando vastos conceitos
Em diferentes posturas
São numerosas figuras
Em formatos de poesia
Das secas, das invernadas
De amores, de valentia
Com destaque singular
Ao ‘Valente Zé Garcia’
Nosso cordel tem magia
E fundamento teórico
Seja ele alusivo
Ou de contexto folclórico
Apresenta a importância
De um rico valor histórico
No cenário metafórico
Tantas criatividades
Com temáticas fictícias
Bem como misticidades
De relevante abrangência
E de boas qualidades
Mas as contrariedades
Torna o cordel decaído
Por determinado tempo
Manteve-se adormecido
Ausente das feiras livres
Desprezado e recolhido
Sem espaço garantido
No cume da decadência
Nosso folheto encantado
Perde a verdadeira essência
Vai para o fundo das malas
Desbotado e sem regência
E para a sobrevivência
Agregou novos valores
A produção resumida
Dos poetas cantadores
E os versos mal acabados
De restritos seguidores
Apesar desses fatores
Ressurge noutro aparato
Aproximando o sentido
Do princípio literato
A ‘velha arte’ poética
Recebe novo formato
Entretanto, esse contato
É resumido demais
A produção do cordel
Dava pequenos sinais
E a impressão era feita
Nos centros tradicionais
Cruzando longas fronteiras
Quando em vez um ‘maleteiro’
Adentrava em nossas feiras
Na mala, ricos cordéis
Com narrações prazenteiras
Essas vindas passageiras
Deixaram de ser precisas
As belas divulgações
Ficaram mais indecisas
Assim, surgem os projetos
Para ampliar as dividas
Com proposta de pesquisas
E posição importante
A ‘UFRN’
Faz um trabalho brilhante
Com o ‘Projeto Memória’
De produção abundante
Outro plano relevante
Que impulsiona o cordel
Projeto ‘Chico Traíra’
Expondo um largo painel
‘Fundação José Augusto’
Apoiando o menestrel
E desse vasto plantel
Mantém-se viva a memória
Chico Mota e Nascimento
Pela longa trajetória
Há de ser sempre lembrança
Como parte dessa história
De popular oratória
E expressivo legado
Um marco de resistência
Com destaque assegurado
Leandro Simões da Costa
Sendo um fiel aliado
E dum ato inusitado
Brota um novo movimento
Atividade pioneira
De bastante envolvimento
A construção do cordel
Como principal intento
O ousado experimento
Institui a oficina
No ano dois mil e nove
Essa semente germina
‘CORDEL- UM CONTO, UM CANTO’
Onde essa arte se ensina
O sucesso predomina
Despontam novos atores
Com as regras do cordel
São os multiplicadores
Criadores de folhetos
E ainda declamadores
Manifesto os meus louvores
Dando respeitável nota
Para a UFRN
Pela excelente rota
Ao criar a CORDELTECA
POETA DJALMA MOTA
Essa proposta denota
A valorosa missão
De organizar um acervo
Com a catalogação
Uma fonte de pesquisa
Pra futura geração
O cordel é tradição
Embrenhado nesse pó
Fonte de literatura
Um fascinante xodó
Salve, salve os cordelistas
Das terras do Seridó
ACRÓSTICO AUTORAL
Deus-Pai de infinita graça
Jesus Cristo, o guardião
Aconchego dos meus versos
Luz da minha inspiração
Muito obrigado Senhor
Ao me ajudar na missão
Minha imensa saudação
O meu abraço fraterno
Terminado esse cordel
Agradeço ao Pai Eterno